Ando duvidando da fé, diante de dias tão difíceis e não faço segredo disso.
Então me disseram que é exatamente nestes momentos em que a gente coloca nossa fé à prova; que é fácil crer quando se está feliz.
Faz sentido. Comecei a pensar nisso. E então me dei conta de que nunca tive fé.
Isso sim é muito triste.
Quando eu fiz 30 anos comecei rever alguns conceitos. Tirei algumas pessoas da minha vida, mantive outras, estreitei relacionamento com quem eu não queria que saísse. Tomei a decisão de não me importar mais com certas coisas - na certeza de que isso me faria uma pessoa madura. Fiz desta data um ritual de passagem.
Acabou mesmo a fase em que posso errar, acabou minha adolescência tardia, a predileção por coisas rosas e Hello Kitty, deixei pra trás a vontade gritar em montanhas russas. Um dia após o meu aniversário eu queria acordar madura, nova e diante de perspectivas.
Mas nada disso aconteceu, como se sabe e se percebe.
No dia 24 de setembro de 2011 eu acordei e tudo estava igual. Inclusive os meus medos. Para onde foi a tão esperada maturidade? Cadê a fé que devia estar aqui?
E então, a vida nos coloca provas. Além da perda irreparável de minha amiga Tania (eu sei, estou sendo repetitiva, mas não tem um dia em que eu não pense nela e não sofra sua ausência), a gente percebe que não vive no mundo cor-de-rosa que imagina.
Os problemas continuam a bater à sua porta, mesmo que você os ignore.
E eu percebi que dói muito mais perder uma pessoa que está viva. Você se sente oca, sem perspectiva, sem realidade, sem chão.
E aí você percebe que não tem mais jeito quando quem está morta é você mesma.
Não há fé que resista ao descaso.