domingo, 27 de fevereiro de 2011

Um novo começo

Quem me conhece, sabe: escrever é um vício, uma paixão.

Desde muito antes da invenção dos blogs, eu já tinha minhas agendas e diários, onde retratava o meu dia, os meus medos e, porque não, o meu crescimento.

Acontece que agora, quase aos 30, ainda me sinto crescendo.

E cada vez mais, com uma necessidade quase física de escrever.

Por isso, estou de volta, resgatando o meu blog.

Dei um "up" nele, colocando alguns textos que estavam perdidos no outro site e revendo td o que eu já escrevi. Minha intenção agora é voltar aqui com mais frequência.

Meu objetivo não é ter leitores, mas sim, desabafar. Mas se você me lê e quer comentar alguma coisa, fique à vontade, eu ficarei feliz, sério mesmo. Trocar ideias é sempre bom.

Já estou com uma ideia para um texto novo e vou publicá-lo amanhã.

Obrigada pela visita.
E ao meu blog, fiel companheiro que me acolhe mesmo depois de um tempo de abandono: olá, amigo. Agora você vai ter que me aguentar.

Estou de volta!

World Cup Sucks (texto escrito em 23/06/2010)

Tudo bem, você leitor deve estar achando que eu sou a mala mais sem alça do planeta. Além de não ter alça, estou com zíper quebrado e cheia de água dentro. Eu entendo. Como pode uma brasileira vir aqui e falar mal do Carnaval, que é a maior festa popular do planeta, principalmente no Brasil e depois, vir falar mal do evento mais esperado do futebol, que demora longos quatro anos para acontecer? Sim, este texto vai falar mal da Copa do Mundo. Sim, eu acho a Copa do Mundo um saco. Ah sim, eu sou mesmo brasileira.

Não é que eu não goste de futebol. Longe disso. Adoro assistir aos jogos do meu time do coração, São Paulo - no ano passado tive a experiência maravilhosa de ir assistir a um jogo lá no Morumbi. Foi demais! Mas, como tudo o que é em exagero, cansa, com o futebol não é diferente. E este fanatismo também me tira do sério.

Vamos por partes: o exagero. Ligue a TV a qualquer hora do dia e você verá alguém falando de futebol, ou ainda, um jogo acontecendo. Passa um pela manhã, um pela tarde e um mais para a noite. Um saco! Pior é que todo mundo quer acompanhar, fica falando disso, anotando nas tabelinhas, torcendo por este por aquele. Sem falar nos benditos bolões. E olha a cara feia quando você diz que não quer participar.

Outra coisa que me irrita é todo mundo ter uma opinião formada sobre qualquer assunto relacionado à Copa: quem é o favorito, qual o melhor jogador, quem leva a taça, quem deveria ser escalado, que técnico está viajando, enfim, para poder participar de uma conversa você tem que saber tudo, sobre tudo. Isso me incomoda profundamente.

Mas o que realmente me tira do sério é a rotina mudada por causa dos jogos. Gente, aonde já se viu uma coisa destas? As pessoas PARAM DE TRABALHAR para assistir futebol. As escolas mudam o horário das aulas. Nem ônibus tem nas ruas! E quem precisa sair, trabalhar, ir ao médico, como faz? Não faz, porque aonde quer que você vá não terá atendimento, já que todos estão assistindo ao jogo.

As ruas ficam todas decoradas, as pessoas se vestem e se pintam de verde e amarelo. Todo mundo, de uma hora para a outra, ama o Brasil. Aonde está este amor em dia de eleições? Cadê o patriotismo na luta pelos nossos direitos, na escolha dos nossos comandantes, na busca por educação e saúde de qualidade? Não existe.

Esta alienação me deixa louca da vida.

Não é chatice da minha parte. Acho o futebol um esporte muito legal e a Copa do Mundo um evento bonito, de verdade. Mas o brasileiro consegue estragar tudo. Pra variar.

A crise dos 29 (texto escrito em 19/05/2010)

Estou entrando em crise com a minha idade. Logo eu, que sempre ri com os livros da “Bridget Jones” e achei que não teria este tipo de “paranoia”, confesso: estou abalada. De repente me caiu a ficha que estou indo rumo ao meu último ano na casa dos 20. Se todo mundo tem crise quando chega aos 30, eu estou entrando em crise porque farei 29. Ou seja, além de tudo, sou louca, porque até minha crise chega antes.

Minhas amigas já falaram sobre isso no blog que temos juntas. Enfim, olhando à minha volta, posso perceber que esta crise é normal e que um dia ataca a todos nós. Chegou o meu dia.

Comecei a perceber que a crise estava atacando quando me vi folheando catálogo e olhando na parte de cremes para o rosto e corpo. Sempre detestei cremes. Sério. Não via lógica em sair do banho, limpinha e cheirosa e me “melecar” toda. Nas poucas vezes em que fiz isso, tive ímpetos de correr para uma nova ducha. Mas aí, com um novo olhar, comecei a encontrar linhas de expressão que antes não existiam no meu rosto. E estas olheiras, de onde saíram? Sem contar sobre os cabelos brancos, mas estes não me incomodam tanto, porque existem ali desde os meus quinze anos. Na verdade, não me incomodavam. Agora, quando eles decidiram sair bem na linha divisória do cabelo, minha vontade é arrancar tudo.

Resumo: comprei creme para as linhas de expressão do rosto, creme firmador para a pele um maldito sabonete esfoliante. E, claro, vou voltar a pintar o cabelo, já que a cor natural está meio “natural” demais. Meu marido, acostumado com minha falta de gosto por estas coisas, até me perguntou:

- “Você tá me traindo?”

E ao responder a ele, me dei conta do que estava acontecendo. Porque minha resposta foi:

- “Não, estou com medo de parecer uma velha”.

Lá no colégio, meus alunos me chamam de “prô”, um apelido carinhoso. Mas quando falam comigo sobre mim, me chamam de senhora. Isso acaba comigo. Senhora é a minha vó, quem, aliás, nunca me deixou chamá-la assim. Se quiser briga com a minha avó é só chamá-la de senhora. Ela sempre responde, de pronto, no alto dos seus 70 anos:

- Não me chame de senhora porque eu não sou velha.

E não é mesmo. Ela trabalha, é super lúcida, anda pra cima e pra baixo e, para meu desespero, pinta o cabelo de loiro porque gosta e não para cobrir os fios brancos, que nunca existiram em sua cabeça.

Um dia destes, lá no colégio, uma aluna perguntou a minha idade. Quando eu disse, ela me respondeu:

- Nossa prô, a senhora é bem mais nova que a minha mãe!

Minha vontade foi responder: “claro que sim, né, já que você tem “apenas” 14 anos e eu teria que ter sido mãe na sua idade para que você estivesse aqui hoje”. Depois, pensando melhor, vi que não seria a resposta adequada e apenas sorri e me dei conta: se antes eu era comparada aos amigos e primos, agora já sou comparada às mães. Devem ser as marcas de expressão.

Decidi que quero chegar inteira aos 30. Quero estar bonita, com cabelos bonitos, sem fios brancos, mesmo que tenha que recorrer ao artificial. Também não quero que as marcas de expressão ao redor dos olhos (me recuso a pensar na palavra ruga) estejam mais suaves, a pele mais dura e o manequim, 42. Não quero parecer uma ridícula tentando esconder a idade, mas não quero ter cara de senhora. Pelo menos não aos 30 anos. Se algum dia me chamarem de “dona Denise”, eu acho que tenho um infarte. Não. Melhor ter um ataque de nervos, já que infarte é doença de velho.

Vinte minutos no inferno (texto escrito em 17/03/2010)

Neste domingo eu passei por uma experiência que não desejo a ninguém, nunca: eu perdi meu filho. Pior do que perder seu filho é saber que você o perdeu dentro de casa, embaixo dos olhos, o que é ainda mais improvável.

Eu sei que você não está entendendo nada, então vou explicar.

Para quem ainda não sabe, eu mudei de um aPERtamento para uma casa. Estou morando na casa da minha mãe, que é bem grande. Isso nos trouxe algumas coisas boas, como a economia, a praticidade e claro, o espaço. E meu filho está aproveitando muito bem o espaço. Ele passa o dia no quintal, jogando bola e andando de bicicleta, coisas que eram proibidas dentro do apê.

Pois bem, no domingo pela manhã eu estava na sala, mexendo no computador, meu marido estava lá em cima no quarto dormindo e minha mãe, nos fundos, mexendo em alguma coisa na lavanderia. E o Vinícius? Ele estava andando de bicicleta no quintal.

Eu fui lá fora, falei com ele e entrei. Cerca de 20 minutos depois, meu avô chegou e perguntou por ele. Eu disse que estava no quintal ou lá atrás com a minha mãe. Nisso entra minha mãe, perguntando também por ele. Começa a saga: cadê o Vinícius? Tudo bem que uma casa é maior que um apartamento, mas vá lá, é só uma casa, não uma mansão, pelamor.

Eu saio no quintal e chamo por ele, olho embaixo do carro. Nada.
Entro em casa, olho embaixo do sofá. Nada.
Abro as gavetas da estante, arrasto sofás, chamo por ele. Nada.
Embaixo da mesa, embaixo da escada, dentro do banheiro, atrás da porta. Nada.
Comecei a ficar preocupada.
Abri todos os armários da cozinha, até o forno. Como não tinha nem sinal dele, subi para os quartos. Olho embaixo das camas, atrás das portas, dentro dos banheiros, enfim, repito o ritual. Nada.
Enfim, bateu o desespero.

Ainda de pijama, afinal, era 9h00 da manhã, saio na rua, com minha mãe e meu avô, para procurá-lo. Acostumados que estávamos com apartamento, a primeira coisa que nos vem à cabeça é: ele foi brincar na rua. Nesta hora a gente nem pensa em como ele abriu o portão sozinho.

Quando esta ficha cai você se desespera mais ainda: ele não abriu sozinho, ele não conseguiria! Alguém abriu para ele e o levou!

Nisso, minha mãe já está batendo de porta em porta aqui na rua, falando com os vizinhos, perguntando se o viram. O vizinho do lado, que estava na rua, afirma que não viu o Vinícius sair de casa. E eu, de pijama, estava indo de um lado para o outro na rua, chamando pelo nome dele.

Entro em casa e decido sair com o carro. Se alguém o levou, não deve estar longe. Abro o carro, olho dentro e nada. Só então eu lembro do meu marido dormindo. Ele não sabe de nada ainda.
Subo apavorada e o acordo assim: “Leandro, o Vinícius sumiu!”
Ele, óbvio, entre o acordar e o entender, fica assustado e desce na hora. Quando eu vou abrir o portão para tirar o carro, o Leandro abriu o carro. Ele não olhou como eu, ele abriu o porta-malas.

E lá estava o Vinícius, agachado. E quando viu o Leandro, disse: “pai, você me achou!”

Não posso descrever os sentimentos deste momento. Juro, me faltam palavras. Foi uma mistura de alívio com raiva. Antes de qualquer coisa eu fui pra rua, chamar minha mãe, que já estava lá na ponta, avisando outra vizinha. Depois, entrei no quintal, peguei o Vinícius pelo braço e, confesso, dei uns bons tapas na sua bunda sem fraldas. Eu queria que ele sentisse a dor que eu estava sentindo. Que ele entendesse a gravidade do que havia feito. Irracional, claro. Mas, na hora, minha única opção. Depois de ficar louca com ele, eu o segurei forte, mas tão forte e abracei. E aí, não deu, comecei a chorar. Nisso entra minha mãe em casa, aos prantos. Ela olha para ele diz:

- “Vou matar você!” E logo depois o abraça e fica chorando.

Então, depois, mais calmos, perguntei:

- Filho, você não ouviu a mamãe te chamar?
- Ouvi.
- E porque você não respondeu?
- Por que eu tava escondido, mãe!

E só então eu entendi: quando ele estava no quintal, ele me viu ir abrir o carro para pegar a bolsa. Ele viu que eu não fechei. E, como temos um modelo tipo wagon, por dentro do carro mesmo é possível ir para o porta-malas. E foi o que ele fez.
Se este processo todo durou vinte minutos, foi muito. Mas foram os mais longos da minha vida. Nestas horas passa um filme na sua cabeça e você fica lembrando de todas aquelas matérias sobre desaparecidos que já viu na vida. Difícil descrever a sensação do desespero. É como se o seu chão estivesse ruindo. No domingo eu nem bem tinha acordado e já tinha vivido meus vinte minutos no inferno. Que eu sinceramente não desejo nem para os inimigos.

Depois dói (texto escrito em 10/03/2010)

Estes dias li um texto da Martha Medeiros em que ela falava sobre como estamos anestesiados diante do choque e não sentimos dor no momento. Não me lembro bem, mas ela relacionava com os lutadores de boxe, que, quando perguntados sobre a dor que sentiam na luta, dizem que na hora não doía nada, só ia doer no dia seguinte. E então ela traça um paralelo com a nossa realidade, fora dos ringues, em que a dor também só aparece depois.

Ela citou alguns exemplos que mexeram comigo, por isso, fiquei pensando no assunto. É verdade mesmo: quando o choque bate, o máximo que sentimos é a presença dele, o choque em si, mas a dor só vem depois.

Você sabe que seu namoro está por um fio. Nem você, nem ele querem mais a relação, estão estendendo por covardia, por preguiça de terminar, pelo tédio da discussão. E assim, vão levando um relacionamento morto. Mas então, quando o outro toma a decisão de romper este laço, na hora bate o alívio, mas, no dia seguinte vem ela: a dor. O que eu vou fazer agora sem aquela pessoa? Como dar os próximos passos?

Tem também aquele caso da infelicidade no emprego. A Martha falou disso. Deus e o mundo sabem que aquele não é o emprego que você deseja, que é um martírio se deslocar para lá todos os dias. Vem a demissão. Na hora você pensa: “até que enfim!” No outro dia, quando você acorda e não tem o que fazer, se sente um inútil e repensa em tudo o que foi vivido. E claro, curte sua dor.

E aquela dorzinha de raiva quando você descobre que seu ex – ou aquela arqui-inimiga – estão melhores do que você pensava. Estão felizes, com as novas escolhas e longe de você. Na hora, você diz:”que ótimo!”. Depois, na escuridão dos seus pensamentos, vem a verdade: a dor.

Em um exemplo menos intenso, quem é que nunca se matriculou na academia, decidida a resolver sua vida, seu corpo e nunca mais faltar? Então, na primeira semana vai a todas as aulas, faz as acrobacias mais malucas e acha que está recuperando todos os anos de pizza, Big Macs e batatas fritas naquela 1 hora de aula. No calor do momento, você se sente a gostosa. No outro dia, o cabelo é a única coisa que não dói. E o que é pior: a calça continua apertada.

A gente apanha o dia inteiro da vida e não percebe, porque estamos anestesiados e também acostumados com os chacoalhões. Tropeçar, cai e levantar é um processo tão comum que a gente só se dá conta dos hematomas depois, quando eles começam a roxear e, claro, a doer.

A dor só vem depois. Mas quando vem, entorpece.

PS: Se não me engano, o nome do texto da Martha Medeiros a que me refiro é “A pancada no dia seguinte”, mas não encontrei referências a ele na web. Se alguém souber o link, por favor, me passe.

Carnival Sucks (texto escrito em 17/02/2010)

Esta é uma daquelas épocas do ano em que eu conto as horas para passar voando. É um daqueles períodos em que eu penso: “adoraria ter muito dinheiro para passar bem longe daqui”. Eu odeio carnaval. O-D-E-I-O com todas as significações e adjetivos que esta palavra implica.

A batida do tum-tum, a exibição contínua de corpos e sorrisos, um monte de gente falando sobre tudo e nada, a palavra “emoção” repetida a cada novo discurso.

Pior que isso é a massificação. Aonde quer que você esteja tem uma televisão transmitindo um desfile, alguém comentando. Na internet, todos os sites. Até no twitter! As pessoas entram para comentar o que estão vendo – sem pensar que todo mundo também vê. Será que ninguém pensa que pode ter uma pessoa, em algum lugar deste País que não está interessado no samba-enredo, na fantasia ou na repetição das mesmas batidas? Eu assisto a um desfile hoje e tenho a impressão de estou vendo o mesmo de todos os anos e o mesmo dos que estão por vir. Além disso, as pessoas enlouquecem nesta época. Tudo fica absurdamente caro, todos os lugares aonde você pensa em ir estão lotados, as estradas travam, os bêbados proliferam, fica todo mundo doido. Parece que, por ser carnaval, você tem a obrigação de estar feliz, de curtir, sambar, bagunçar.

É chato, cansativo, massante e um ponto negativo à nossa tão judiada cultura brasileira. Nos exibimos para o mundo como o povo da bunda, do samba, da festa. É a personificação de um povo sem líder, sem cultura, sem diversão. Pra quê pensar na volta às aulas, no trânsito, nas enchentes, no Arruda preso? Tem um monte de bunda nua desfilando na avenida. Eu morro de vergonha de ser brasileira em época de carnaval. Sabe quando você fica com vergonha pelos outros? Eu vi uma entrevista do ator Paulo Betti - ex-marido das atrizes Eliane Giardini e Maria Ribeiro, pai de 3 filhos, entre eles um de 4 anos - dizendo que adora o clima do carnaval porque é nesta época do ano em que você pode tirar todos os seus desejos e fantasias do armário e realizar tudo o que deseja. Depois, é só colocar no armário de novo.

Bom, para mim foi o suficiente. Fica só a vergonha pelo outro, que não a tem.

Melhor é pensar que está acabando. E que vai demorar um ano para tudo isso de novo. Quem sabe, em 2011, eu já tenha ficado rica e passe esta época na Suíça?

Uma decisão importante (texto escrito em 10/02/2010)

Este será o ano de muitas mudanças em minha vida. Algumas começaram no ano passado, outras estão em andamento para agora, mas todas elas são consequências das minhas decisões de seguir um novo caminho, como eu comentei aqui no ano passado.

Além dos projetos de mudar de casa, arrumar um novo emprego, estudar mais e aperfeiçoar o segundo idioma, está a decisão que é, sem dúvida, a mais importante: ter outro filho. Quando engravidei do Vinícius eu estava casada há seis meses e não foi planejado, embora, depois que soubemos que estávamos grávidos, foi muito desejado. Desde seus primeiros meses de vida eu tive certeza de que aquela era a melhor experiência que eu estava tendo, em toda a minha vida. A maternidade me despertou tantos sentidos e tantas vontades que eu nunca pensei em ter apenas um filho. E parece meio hipócrita, mas é verdade que eu nunca duvidei disso nem nas noites insones ou durante as crises de manha. O cansaço bate, é claro, mas o desejo continua. E esta vontade de dar um irmão para o meu filho é algo que venho cultivando desde meados do ano passado, quando, acredito eu, começou ser um bom período para pensar em ter outro neném em casa, já que o Vinícius acabou de completar três anos.

Acontece que, diante desta possibilidade de poder planejar e curtir a gravidez - que o meu trabalho como jornalista não me permitia - eu fico me perguntando como eu continuarei sendo mãe do Vini. Entenda: eu sou filha única, nunca vivi um relacionamento de pais com irmãos, eu não sei bem como isso vai funcionar. Eu tenho medo de não ser suficiente para o meu filho ou então, de não atender todas as necessidades de um recém-nascido. Me aparecem perguntas como: eu vou conseguir amar tanto uma outra pessoa como eu já amo o Vinícius? Eu vou ter condições psicológicas de ser uma boa mãe para duas crianças? Como eu vou fazer para que os dois entendam que são importantes para mim, sem magoar ou deixar outro de lado? Mais do que isso: eu vou conseguir cuidar de um recém-nascido sem deixar o outro de lado?

E então, em meio a todas estas perguntas, surge a dúvida: eu tenho capacidade para ser mãe de novo? Porque, me parece, que uma pessoa habilitada não ficaria se martirizando com estas dúvidas.

Eu quero, mais do que tudo, ter uma família grande, com filhos em volta da mesa, férias, Natais. Tudo aquilo que minha imensa família de solteira – eu e minha mãe – não tivemos. Mas, diante de tantas dúvidas fica o medo de fracassar. Tenho um medo enorme de decepcionar o meu filho, de não conseguir ser a mãe que eu estou sendo para ele. Tenho medo de amar diferente o neném que vai nascer, porque, me repetindo, não entendo como vou conseguir amar os dois do mesmo jeito.

Assim, diante desta decisão importante e tão mágica, eu travo e repenso. Até o fim do ano passado a ideia era engravidar no começo deste ano. Já adiei este plano para o segundo semestre. E confesso, tenho medo de continuar adiando e ser muito tarde para recomeçar.

Não adianta: por mais que eu pense em toda esta situação, só me vem uma coisa à cabeça: ser mãe é sentir culpa. É errar tentando acertar. É acertar por amor. É fazer concessões. E é estar diante do amor mais incondicional do mundo.

Tenho muito o que decidir ainda, eu sei. Temos muito o que conversar. Mas, por mais irresponsável que seja, ter uma gravidez não planejada me pareceu uma decisão bem mais fácil.